Pequenos gestos, grandes encontros com o espaço público

Tudo começa com um riso na calçada fria, capaz de aquecer até os cantos mais esquecidos da cidade. Com gestos simples, como convidar meu filho para caminhar ou chamar amigos para uma volta pelo bairro, vamos desenhando novas formas de pertencimento.

Há quem diga: “vou passar os poemas desta aula para meus filhos e neta”, porque compartilhar beleza também é um ato público. Outros seguem plantando afeto ao dizer: “vou cuidar das árvores e plantas da rua”, ou ainda, “quero cultivar a beleza dos ipês”, como quem acredita que a cidade também floresce com a nossa atenção.

Dizer “bom dia” para os vizinhos e crianças, responder ao cumprimento de um anônimo – e perceber que, nesse instante, nos tornamos mais humanos, mais irmãos. Um gesto de cuidado, um bom dia respondido: são sementes silenciosas que transformam.

“Vou partilhar com meu marido, filha e netos”, diz alguém, reforçando que o espaço público também é construído nas conversas de dentro de casa.

Há quem se comprometa em ser multiplicador da importância de bons hábitos, e quem proponha colocar placas de orientação para manter os lugares limpos – pequenos marcos para grandes mudanças.


Esta colheita de reflexões é da turma-2025, da Faculdade 50+, do SESC/SENAC Pelotas-RS, durante uma atividade em sala de aula sobre os pequenos propósitos que cada um pode realizar nos espaços públicos. Cada frase é um gesto sincero de quem acredita que pequenas ações podem transformar a cidade.

Nossa aula foi realizada com inspiração poética, com roda de conversas, com as perspectivas de ser, ter, compartilhar e cuidar dos espaços públicos. Os poemas e o acróstico foram escritos para esse momento de sensibilização, reflexão e aprendizagem.

Se Este Lugar Fosse Nosso…

Se este lugar fosse nosso,
teria sombra e tempo.

Teria bancos de escuta,
e chão firme pra memória.

Haveria risos que moram no vento
e passos lentos com destino certo.

Teria nome de quem veio antes
e um abraço invisível para quem chega.

Se este lugar fosse nosso,
o mundo não seria tão apressado.

Seria mais banco na praça
e menos cerca no coração.


Se Este Lugar Fosse Nosso

Sonhamos com um lugar de encontros
Espaços onde o tempo desacelera

Em cada canto, um gesto de cuidado
Silêncios e risos em harmonia
Tem sombra, tem banco, tem conversa
E todo mundo cabe – noite e dia

Luzes suaves, árvores com história
Um chão firme pra quem quer caminhar
Gente olhando nos olhos,
Acolhendo o passar
Respirando o agora devagar

Foi assim que inventamos esse lugar
Onde o comum vira memória
Se houver carinho pra cultivar
Seremos nós, a cada passo,
Escrevendo juntos essa história

Não é preciso muito, só vontade
Olhar atento, presença e intenção
Se este lugar for mesmo nosso,
Será também extensão do coração.
Onde termina o caminho, recomeça o cuidado.


Começa com Um

Um banco pintado.
Um lixo recolhido.
Uma árvore regada.
Um “bom dia” respondido.

Uma roda de conversa.
Um olhar que não desvia.
Um silêncio bem-vindo.
Um riso na calçada fria.

Um gesto de cuidado.
Um convite para caminhar.
Um olho atento no chão,
outro no céu a sonhar.

A cidade não muda de uma vez.
Muda de alguém em alguém.

Começa com um
que planta.
Um que escuta.
Um que chama.
Um que fica.

E, de um em um,
o lugar vira abraço.

Qual é o “um” que você pode ser?

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